quarta-feira, dezembro 31, 2008

Balancete diletante...

O fim-de-ano é propício a balanços. Correndo o risco de algumas omissões, passarei a destacar alguns aspectos positivos e negativos da nossa vivência comum, no ano de 2008.

com sinal +

Foram concluídas as obras (iluminação, passeios, rotunda, ciclo-via) na Estrada Nacional que atravessa Avis. Há quem não goste dos candeeiros públicos, mas a mim agradam-me. Gosto de coisas arrojadas...

A primeira fase das obras de requalificação da envolvente da Muralha foi concluída. É a parte boa, a má está mais abaixo...

Foi o ano 1 do Parque de Campismo (o ano passado não contou...) e conseguiu boas taxas de ocupação. Falta apenas quaquer coisa... é favor de ler na parte de baixo.

O Rapid foi um sucesso. Mexeu com a terra e conseguiu envolver muita gente nas suas actividades. Foram dias diferentes e viveu-se nas ruas uma animação pouco habitual. O espectáculo final foi bem conseguido.

Abriu um novo espaço comerístico: Aventuravis. A oferta, a este nível, deixava algo a desejar. O (bom) serviço prestado veio alargar as possibilidades para quem vive e trabalha por cá, mas também para quem nos visita.

Feira das Sopas. Foi apenas a segunda edição, mas, a par do Mercado dos Produtos, é sem dúvida um grande sucesso. Os professores e os alunos da Mestre de Avis estão de parabéns.

Apesar do pequeno atraso, o Hotel da Cortesia vai ser uma realidade em 2009. Como dizia o poeta «Venham Mais Cinco»...

A Farmácia de Avis mudou de local. É hoje um estabelecimento moderno e com condições melhoradas para quem lá trabalha e para quem tem que (infelizmente) lá ir aviar-se...

A ACA – Amigos do Concelho de Avis, comemorou dez anos cheios de vitalidade. Venham mais dez...

O 4º Encontro de Contadores de Histórias voltou a ter «casas cheias».

Foi inaugurada a Adega da Herdade de Fonte Paredes.

Foi lançado no mercado um vinho com o nome ALCÓRREGUS. Ganda pinga... (espero que esta linha dê direito a mais umas garrafitas...)

As crianças das freguesias já têm «direito» a almoçar na escola.

O Centro de Saúde perdeu um clínico. Não se perdeu nada, dizem uns... que pena, dizem outros.

Com sinal -

O Clube Náutico passou mais um ano fechado. Uma das zonas mais aprazíveis do concelho, voltou a estar a meio-gás. Podem existir razões para que tudo continue na mesma, mas ao menos que as digam...

O Clube de Futebol Os Avisenses vai de mal a pior. E os motards, também não passam de umas letras pintadas na parede...

A nova sinalização no Centro Histórico da vila – apesar de se aceitar no essencial – tem alguns «fundamentalismos» que não se justificam. Por exemplo: o acesso ao largo da Igreja deveria ser permitido nos dois sentidos. Não só por causa dos moradores, mas acima de tudo para facilitar o acesso em dias de casório, missas e velórios.

As obras na Cerca da Muralha demoraram muito mais do que estava previsto, com o inevitável prejuízo de quem ali trabalha e de quem ali se deslocava.

O Convento fechou. Ainda bem, dizem uns... Que pena, dizem outros...

A proibição de estacionar na Cerca do Convento não é razoável. Pelo menos por enquanto...

A Lactogal vai fechar. E a Delphi umas vezes fecha, outras vezes não...

Voltou a chover na Feira Franca. Ninguém tem culpa, eu sei, mas não se podia mudar a data... É que o investimento feito é enorme para ficar à mercê das intempéries.

O «Avis a Rasgar» não se realizou. Será que este ano vai ressuscitar?




terça-feira, dezembro 30, 2008

Mais um segundo

Silva Fernandes, crónica publicada in, Alentejo Popular, Dez. 08

Nem o mais pontual picuinhas se lembraria de protestar por causa de um mísero segundo, mas agora a situação é bem diversa: o ano de 2008, vai ter mais um segundo...

Tal é obrigatório para que os relógios atómicos de todo o Mundo acertem o ritmo pela rotação da Terra.

Para nós portugueses, será mais um segundo de Sócrates, e, convenhamos, um segundo, sendo pouco, neste caso, é muito.

Faz-me lembrar a gota de água que transborda o copo. É que, psicologicamente, não estou preparado para nem mais um segundo deste Governo.

Bem sei que as eleições legislativas ainda não estão marcadas, mas, de uma forma ou de outra, será sempre um segundo a mais.

Na vida, por um segundo se ganha, por um segundo se perde. Um acidente pode acontecer por um segundo de distracção. Podem dizer que segundo não é nada, mas a verdade é que é tudo. É o começo do tempo: 60 vezes um segundo é um minuto; 60 vezes um minuto é uma hora; 24 horas é um dia... Ou seja, segundo a segundo enche Sócrates o papo.

Cá por mim já decidi: vou começar o ano um segundo mais cedo. E, quando chegar a hora de votar, vou ter o gozo supremo de, naquele exacto segundo, votar de acordo com o tempo que se aproxima. Que é de luta, mas de confiança, num tempo novo.

segunda-feira, dezembro 29, 2008

Uma coisa leva a outra...

Uma pequena notícia no site da Rádio Pax, de Beja, sobre as Árvores de Interesse Público, no distrito de Beja, levou-me a pesquisar se, no concelho de Avis, também haveria algum membro do Reino Vegetal «digno» dessa distinção.
E a verdade é que há. Não uma, não duas, mas três que foi a conta que Deus fez. Quem quiser ver mais pormenores pode clicar aqui, mas sempre posso adiantar que uma tem 100 anos, é um sobreiro e está em S. Martinho, na freguesia do Maranhão e as outras duas estão plantadas em Valongo: uma aroeira (ex-libris da terra) com 600 anos, e um freixo, na Fonte do Vale, com «apenas» 500 anos...

domingo, dezembro 21, 2008

Manuel Claudino

O senhor Manuel deixou-nos. À Nazaré, às filhas, aos netos e genros, mas também a mim, à R. e ao M.
Fazia-me lembrar o meu pai: tal como ele saiu cedo da terra para aprender um ofício; construiu uma vida a partir do nada; inventou uma família e cuidou dela; trabalhou, trabalhou sempre e, quando chegou a altura da merecida reforma, não foi a tempo da desfrutar.
Foi por causa dele – também por causa dele – que fui ficando. Apreciava a sua companhia e partilhou comigo o que sabia da vida. Não era apenas um amigo, era família sem o ser, o que até vale mais.
Não sou crente, mas nestas alturas gostava de ser. Só assim se faria justiça a uma injustiça tão grande – o Senhor Manuel, de certeza, iria para o paraíso, já que no Inferno andou ele, pelo menos, nestes últimos tempos.

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Cavacas de Avis


Ingredientes:
150 g de farinha
1 dl de azeite
1 dl de aguardente (mal medido)
4 ovos
1 clara
100 g de açúcar

Confecção:
Peneira-se a farinha para uma tigela.Juntam-se-lhe os ovos e o azeite e bate-se muito bem a mistura com uma colher de pau ou à mão.Adiciona-se a aguardente e liga-se muito bem com o preparado anterior.Untam-se com azeite formas redondas, que se enchem até ao meio com a massa.Levam-se a cozer em forno quente.Depois de desenformadas pincelam-se com uma cobertura de açúcar, que se prepara batendo energicamente a clara com o açúcar.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

terça-feira, dezembro 02, 2008



















O Congresso do PCP visto pelo Bartoon

Casa Branca na TSF (clique para aceder à versão audio)

Rui Miguel Silva / TSF

Em Portugal, existem várias localidades com o nome de Casa Branca. Uma delas fica no Alentejo, no concelho de Sousel. A TSF foi ouvir o presidente desta casa branca portuguesa, que não tem gabinete para trabalhar na Junta de Freguesia e que se queixa da falta de água e esgotos num dos lugares da freguesia.
As semelhanças com a Casa Branca norte-americana são nulas. A Junta de Freguesia só tem três divisões e o presidente não tem sequer um gabinete para trabalhar.
Joaquim Manuel Pereira não pretende governar o mundo, apenas quer dar água e esgotos que faltam a 50 habitantes de um dos lugares da freguesia.
Na Casa Branca portuguesa vivem 1300 pessoas. A aldeia tem centro social, parque desportivo e duas colectividades, mas falta o emprego.
«A principal preocupação é o emprego. O Alentejo está a ser desertificado. Casa Branca não foge à regra. A juventude afasta-se, porque não há emprego», explica Joaquim Manuel Pereira.
O nome da freguesia estará relacionado com uma casa branca que ali.

sexta-feira, novembro 28, 2008

este blog não tem comentários, mas tem mail. Portanto, de vez em quando, muito de vez em quando aliás, recebo umas mensagens que ponho no blog, ou não ponho no blog.

Para não ser acusado de «sectário» e para provar o meu fair-play, transcrevo abaixo uma mensagem - e a respectiva resposta - sobre a anedota dos lagartos que publiquei há dias:

................................................................................................

... e os gatinhos do joão depois de ontem à noite?
voltaram a fechar os olhos ou andam de óculos escuros???

abraço

JP


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nem uma coisa nem outra. os que eram do benfica, passaram-se para o barcelona e, os outros, entretanto abriram os olhos e são do Olympiakos...

abraço

af























Não deixa de ser curiosa a forma como a realidade é apreendida pelos cartoonistas. Aparentemente contraditórios, mas, no final, a mensagem que pretendem fazer chegar aos leitores é a mesma: Portugal é um país de m....




quinta-feira, novembro 27, 2008

Sem comentários
(recebida por mail)

O Joãozinho chega à escola e diz à Sra. Professora: - A minha gatinha teve 4 gatinhos e são todos do Sporting. A professora fica muito espantada com a saída da criança. No outro dia o Director vai visitar a escola e a Professora como achou muita piada ao miúdo, pergunta: - Joãozinho diga lá o que aconteceu à sua gatinha? Diz o Joãozinho: -A minha gatinha teve 4 gatinhos, 2 são do Sporting e 2 são do Benfica. A Professora fica intrigada e diz: - Então não eram os 4 do Sporting?! - Responde o Joãozinho: -Eram, só que 2 já abriram os olhos....

Francisco Alexandre expõe em Évora

Hoje, quinta-feira, por volta das 18:00, terá lugar no Hotel D. Fernando, em Évora, a inauguração da exposição de escultura de Francisco Alexandre.
A obra do «presidente» da ACA é por demais conhecida e apreciada pelas gentes de Avis. A cada ano, por altura da Feira Franca, surpreende-nos sempre com novas peças, nascidas das pedras e filhas do seu trabalho e imaginação.
Decerto que esta mostra só irá confirmar a maestria de chico alexandre na arte de esculpir. Endereço desde já os parabéns e deixo a reportagem do acontecimento para o Do Castelo.














Como seria de esperar, os três cartoons dos jornais diários de referência (JN, DN e Público) versaram a mesma matéria...






quarta-feira, novembro 26, 2008


Elias de 26 Nov. 08
Já não me sinto a pregar no deserto.

fizeram-me descobrir um site que defende uma ideia que há muito me anda na cabeça.

quem achar que o melhor capital de um país (ou território) são as pessoas, vale a pena visitar

aqui

quarta-feira, novembro 19, 2008

A propósito da notícia do dia (ou não) aqui fica um poema de Mário Henrique Leiria, do livro Contos do Gin Tónico.


RIFÃO QUOTIDIANO

Uma nêspera
estava na cama
deitada
muito calada
a ver o que acontecia

chegou a Velha
e disse
olha uma nêspera
e zás comeu-a

é o que acontece
às nêsperas
que ficam deitadas
caladas
a esperar o que acontece








O bandeira também comentou o assunto, hoje, no DN. O «Elias» do post anterior sai na edição de hoje no JN.










Mas que disse, disse...
(aqui)


Pronto! Já esclareceram que foi ironia. Não batam mais na velhinha que é bonita e formosinha e, coitadinha, tem toda a gente contra ela. E seis meses até nem é nada por aí além, comparado com os 48 anos do Botas. Mas que ela disse, disse...

quinta-feira, novembro 13, 2008













Pavia
actualizado

Não é que duvide daquilo que o Desabafos diz, mas não há nada como fazer como S. Tomé: ver para crer. Assim sendo, rodas ao caminho que se faz cedo. A tarde soalheira convidava ao passeio e Pavia é já ali.
Junto à Casa Museu do Manuel Ribeiro Pavia uma enorme sapata ainda fumegava. Sinal inequívoco que tinha havido «movimentações» na noite anterior. Depois de uma apressada visita aos trabalhos do Pavia (hei-de voltar com mais tempo...) lá perguntámos que costume era aquele de, na noite de S. Martinho, farruscar as paredes da terra com quadras feitas à medida de cada morador.
Que sim senhor, «é mesmo isso que acontece», disseram-nos. E se quiséssemos bastaria subir a rua que logo veríamos as ditas cujas em alguns cafés e habitações. E como cantava o Sérgio:

Eu vi quatro quadras soltas
à solta lá numa herdade
amarrei-as com uma corda
e carreguei-as para a cidade.

Não era esta, até porque todas começavam pelo verso «Se és irmão do S. Martinho» e a qualidade literária deixava algo a desejar, mas que esta tradição tem graça, lá isso tem.


Recebi um mail do Monte do Mel que vem dar uma achega a este post. Afinal, na Casa Branca, também são «percursores» dos blogs.


«li no teu blog acerca daquela curiosa tradição [de Pavia]. Em Casa Branca, há uns anos atrás, isso era muito comum. As pessoas escreviam em verso nas paredes das casas comentários comprometedores sobre os donos da casa. Isso originava um grande vai vem durante a noite: Eram os que escreviam nas paredes que só o faziam quando tudo já dormia; Eram os donos das casas "com telhados de vidro" que não queriam as carecas descobertas que se deitavam muito tarde a guardar as paredes, ou levantavam-se muito cedo para as lavar; Havia ainda um terceiro grupo, os curiosos, que também se deitavam tarde ,ou levantavam muito cedo, para verem as "novidades" nas paredes antes dos donos as lavarem. As paredes no S. Martinho eram o equivalente aos blogs de hoje em dia»....

sexta-feira, novembro 07, 2008

Será que ainda alguém se lembra das «praças de Jornas»?

E será que hoje é muito diferente?

Confira aqui.

quinta-feira, novembro 06, 2008

quarta-feira, novembro 05, 2008

O luís Afonso, no PÚBLICO on-line e o Bandeira no DN, já mandaram umas «bocas» sobre a eleição de Barak Obama. O Elias também vai versar o assunto, mas apenas na edição do JN de amanhã...





Yes, we can!

sábado, novembro 01, 2008


Baja Portalegre (actualizado)

Segundo informações disponibilizadas pelo site da organização da prova Paulo Correia (Saicó), de Avis, conduzindo uma Suzuki RMZ 250, no final da 2ª etapa, classificou-se na 41ª posição - entre cerca de 90 concorrentes à partida - a 1:11:24 do primeiro. O piloto avisense, montado numa Suzuki RMZ 250, fez o percurso à média de 67,50 km por hora.

quinta-feira, outubro 30, 2008

Caderneta de Cromos

Ofereci uma caderneta de cromos ao M. Confesso que há anos que não me lembrava de tal fenómeno que, quando éramos pequenos, estava associado ao ínicio das aulas, sempre a 7 de Outubro... Era nessa altura, que por cada um tostão (quanto é que isso seria agora em euros?!) recebíamos dois rebuçados embrulhados na cara de um qualquer jogador. Fazia-se a cola de farinha e iam-se juntando os «cromos» até a caderneta estra completa. O último rebuçado a ser comprado dava direito a bola de catchú para as pelejas no recreio (1ª e 2ª classes contra 3ª e 4ª). Ou seja: dois anos a perder, seguidos de dois anos a ganhar.
Voltemos ao M. Até aqui não ligava nada ao futebol. Dizia que era dos «vermelhos» por duas razões, para me agradar e por ser a cor do Faísca protagonista do filme Cars. Aliás, sempre gostou muito mais de riscar, colar e pintar, do que qualquer jogo ou brincadeira que puxasse mais físico.
Mas a coisa mudou. Agora, quando vê uns tipos no ecrã aos chutos na bola, vem logo perguntar quem é que está a jogar; não pára de insistir para que passe na Celeste para comprar mais cromos; e até já foi buscar «onze moedas» ao mealheiro para investir nos cromos...
Devo confessar que acho graça a este súbito interesse pelo Futebol. Mas não há bela sem senão: a primeira equipa a ficar preenchida foi o Leixões que, ainda por cima, tem um emblema «giro» e já deu para perceber que o seu coração - apesar de continuar vermelho - pode estar a ganhar umas riscas brancas.
Notícias do «café»

A Delphi, afinal, já não fecha em Dezembro. Ontem numa reunião com os trabalhadores a empresa informou que vão continuar em «morte-lenta», possivelmente, até ao fim do 1º semestre....

A entrega da obra do Hotel da Cortesia, por parte do empreiteiro, está ligeiramente atrasada, mas, diz quem sabe, dia 5 de Janeiro vai estar tudo a rolar sobre rodas e já com 50 clientes...

Seis miúdos de Avis e do Alcórrego foram contratados pelo Casa Branca para a sua equipa de futebol de escolinhas. O primeiro jogo treino é já este sábado, em Fronteira. Um dos treinadores é filho do senhor Marcelino que trabalha no Montinho...
Os «bonecos» do dia no Público, DN e JN




Coerente, mais coerente não há...

«Tal como a maioria dos portugueses, também eu estou profundamente desiludido com a nossa classe política que transformou o Estado e as autarquias num monstro com tentáculos enormes que esmaga, sufoca e asfixia todas as pessoas e empresas que têm a veleidade de querer viver fora da sua dependência. E se o PS é o pai biológico do monstro, o PSD é o seu pai afectivo porque sempre que esteve no poder alimentou-o e acarinhou-o como se fosse seu filho»
(...)
«O convite da comissão política de Abrantes do PSD [o filho efectivo do monstro] apanhou-me, por isso, completamente de surpresa. Como qualquer pessoa facilmente concluirá, a solução mais cómoda e inteligente seria recusar o convite. Mas havia um problema: se eu recusasse o convite, deixava de ter autoridade moral para continuar a pregar no deserto

Discurso de Santana-Maia Leonardo ao povo de Abrantes, ontem, 29 de Outubro, na sua apresentação como candidato à presidênci da Câmara de Abrantes na lista do PSD

sexta-feira, outubro 24, 2008

De repente perdi-me. Ou por outra, comecei a andar às voltas. Chego ao computador e ligo a internet. Salta-me o Sapo a dar as notícias. Lá, no sítio do habitual, estão os links que me fazem falta: JN, TSF, Lusa, RTP... As novidades são as do costume. Más. Ainda por cima as mesmas em todas as páginas. Por mais voltas que dê, as notícias repetem-se. Más. Desisto. Soletro com os dedos: p-o-o-l... poolman! O gajo é esperto, penso eu. Antes de escrever toda a palavra , já o «Acer» percebeu onde quero ir. Hoje, o J. deu-se ao trabalho. Postou o cartaz do «rally papper» do Saloon. Deve ser por o ganhar todos os anos... Ao lado lá está a mirar-me mais um botão: Do Castelo. Mais um clic. A "árvore" já desceu. Voltamos a ter poesia. Leio na diagonal e ouço coaxar. É o Sapo. Em cima, mostram-se os links do costume. Lembro-me, de repente, porque me sentei ao computador: tenho de trabalhar. Mas as notícias são as do costume. Más...

sábado, outubro 18, 2008

estória curta (4)

Hoje fui à Feira do Ervedal. Contaram-me que, este ano, a feira «calhou» no seu dia. Ou seja: tradicionalmente era sempre a 18 de Outubro. Depois as coisa mudaram e passou a ser em fim-de-semana certo. O tempo está de feição para que lá vá muita gente. Até o Lajeira por lá arribou, para além do senhor vereador e outros ilustres ervedalenses.

O puto quis andar no carrocel. Com muita pena minha, que o tentei convencer a andar nos carrinhos de choques para eu apanhar boleia. Ele não foi na conversa e trocou os encontrões da pista grande pelo carro de bombeiros do círculo ao lado.

A minha «antiga» terra não tinha feira. Tinha um mercado todas as quartas-feiras, com tudo e mais alguma coisa à venda, com ciganos e tendeiros, tal como aqui, mas não era uma feira.

Uma feira é – mais que um local – um dia. Um dia de reencontros como os que eu vi no café do Sérgio. Entre cunhados e primos, irmãos e genros que, por mor da «feira», foram à terra.

Infelizmente, para mim, trabalhei pouco tempo com o Carlos Pinhão. O jornalista de «A Bola» que dispensa apresentações, era aquilo que se pode chamar um «alfacinha de gema». Numa das muitas estórias que deixou publicadas em vários jornais, recordo-me de uma em que dizia que quando era criança de escola e o Verão chegava se sentia triste porque todos os seus amigos «iam para a terra» e ele, filho e neto de lisboetas, não podia fazer o mesmo.

É por isso que eu costumo dizer que sou de onde me apetecer. E hoje, durante umas horas, apeteceu-me ser do Ervedal...

sexta-feira, outubro 17, 2008

Estória curta (3)

Crianças e sopas são coisas que não ligam. Ou não ligavam. Teria para aí uns cinco anos quando me foi apresentada uma de favas ao jantar. O cenário era o mesmo de sempre: a mesa composta com a tradicional toalha aos quadradinhos, tinha ao centro o cesto do pão. Os pratos dispostos à volta eram levantados para serem servidos um a um que a panela fumegante estava ali mesmo ao lado, em cima do fogão.
Resolvi dizer que não gostava da ementa. «Vá lá, prova que vais gostar»... disseram-me ainda a boas. Que não, de certeza que não gostava, insisti a esticar a corda. A táctica da minha mãe foi mudando – da contenção passou ao ataque em menos de nada. «Só te levantas daí quando comeres». O ambiente estava a ficar quente e as favas frias. O meu pai, à cabeceira, terminou a janta sem uma palavra. Levantou-se e, como de costume, foi ler as notícias requentadas de um SÉCULO qualquer. Pensei que era o sinal para insistir: «Não tenho fome». Não pegou! «Fome arranja-se sempre»... Horas depois, com o sono aliado à casmurrice, tinha-se atingido o ponto de retorno. A palmada antecedeu a ordem de marcha para a cama «de barriga vazia». Devo ter pensado que tinha empatado o jogo: tinha levado uma «galheta» mas as favas continuavam no prato. Puro engano, ainda só estávamos no intervalo. De manhã, depois da passagem pela casa de banho, o leite e o pão com marmelada, tinham-se transformado em favas... Pensei rápido e percebi que ia perder um dia de brincadeiras a olhar para um prato de sopa. Resmunguei qualquer coisa, numa última tentativa para fintar as favas, mas lá acabei por comer. Tinha-me ido abaixo das canetas na segunda parte do jogo. O «adversário» era muito mais consistente.

***
Ontem fui à Feira das Sopas na sede do Agrupamento de Escolas Mestre de Avis. Provei três: canja de galinha, sopa da pedra e, claro, a do Alcórrego, o creme de alface com pão torrado e ovo batido. Todas boas, mas, claramente, a última bateu as outras aos pontos.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Estória curta (2)

Por este dias, nos cafés da terra, as conversas acabam sempre na caça. Que é pouca, até um não caçador como eu já percebeu, mas que as estórias são mais que muitas, lá isso são. Hoje lembrei-me do Pirata, o cão do meu tio Bicho-da-Seda, de Salvaterra de Magos. Esperto que nem sei lá o quê... É preciso ver que nessa altura se caçava todos os dias. Amiúde, o meu tio, depois de um dia de trabalho em cima de tractores e ceifeiras, chegava a casa, pegava na espingarda e saía campo fora. O dito cujo Pirata que passava o dia na «boa-vida», se por algum motivo não estava no seu posto, assim que chegava vistoriava o sítio da arma e, na falta dela, corria em busca do dono. Eram muitas as vezes que o encontrava, até porque o tio Zé ia mais passeio do que propriamente em busca do jantar. Mas quando não o encontrava só voltava ao quintal depois de conseguir filar alguma peça para o dono – quase sempre uma galinha de água...
Hoje conheci a história do Benfica. Cão mais recente e, como tal, com outra instrução. Já era do tempo em que só se caçava à quinta e ao domingo. Segundas, terças, quartas, sextas e sábados não largava a dona. Seguia-a para todo o lado, à horta, à ribeira, à venda: por onde ela andasse, andava ele. Quintas e domingos é que não! Corria à procura do dono que tinha ido à caça. Ora aí está um cão, tão esperto, tão esperto que até sabia os dias da semana...
estória curta (1)

Içada por dois ébrios, a velha senhora é colocada em cima do banco de cozinha. A muleta em que se apoia, no caso, só atrapalha. O receio está-lhe na cara, bem como o cansaço. São cinco horas da manhã, de um primeiro dia do ano. Dona Alzira olha à volta e, a medo, diz: «gosto muito de todos».
Os três segundos de silêncio que se seguiram, foram reveladores, mas os aplausos impediram qualquer tipo de reflexão sobre o que tinha acabado de dizer - «gosto muito de todos»!Ninguém duvidada da sua sinceridade, mas mais alguém ali presente poderia proferir o mesmo sem se estar a enganar? Não creio. Foi o que todos pensaram nesses três longos segundos de silêncio...
Pode alguém ser quem não é?

Faz-me impressão ver gente em bicos de pés. Literalmente. Mas gosto de reconhecer o sucesso nos outros. A felicidade deles é a minha felicidade. Lembro-me sempre de uma colega que aos 30 anos, empregada de limpeza na Amadora, divorciada e com duas filhas a cargo, resolveu «tirar» o segundo ano do ciclo. Ainda não tinham inventado as «Novas Oportunidades» mas ela aproveitava as quatro horas de caminho diário – morava na Moita – para ler os livros... Nunca mais parou, formou-se em Direito alguns anos depois.

Duvido que o Ronaldo conseguisse «tirar» o 9º ano, quanto mais ser o «melhor do Mundo»...

segunda-feira, outubro 06, 2008

Associação Nacional de Direito ao Crédito

Este fim de semana, teve lugar em Avis, discretamente, uma contecimento que pode ser útil para muita gente. O núcleo duro da ANDC, escolheu a vila para dois dias de debates acerca da sua actividade, num ambiente descontraído e, aproveitando para usufruir da calma alentejana.
Contaram com a prestimosa ajuda da Junta de Freguesia de Avis - que lhes cedeu as instalações para as reuniões - e passeram anónimos pelo centro histórico. Aproveitaram para se pôr a para da gastronomia local, desde as migas, à sopa de ossos, aos pézinhos de coentrada, etc e prometeram voltar. Era bom que voltassem, até porque poderia ser útil para muita gente.
veja o site deles.
A estância de turismo do Tarrafal versus O Campo da morte lenta

este post é para um amigo que anda convencido que os deportafos iam para cabo-verde de férias. Depois posto mais...

Palavras de João Faria Borda (já falecido), um homem que passou dezasseis anos e três meses no Campo da Morte Lenta.

«O campo de concentração era um rectângulo (cerca de 250m por 180) situado num dos sítios mais insalubres do arquipélago de Cabo Verde. Como alojamento existiam umas barracas de lona onde eram metidos cerca de 12 presos em cada uma.As casas de banho não existiam. Havia apenas uns sanitários – toscos muros de tijolo com uns buracos no chão e umas latas de gasolina para as necessidades.Como cozinha existia um telheiro com uns muros por onde a poeira entrava aos montes. Dois indígenas faziam a comida. A alimentação era péssima – havia ocasiões em que era necessário pôr bolas de algodão no nariz pois o cheiro da comida impedia que ela entrasse no estômago.Não havia água potável. Só existia água num poço a cerca de oitocentos metros do campo, água salobra que os presos transportavam em latas de gasolina. Mesmo assim era má e em pequena quantidade, não chegando para a higiene. Tomava-se banho com um único litro de água despejada de uma lata onde eram feitos uns buracos para o efeito.»
«O primeiro director do Tarrafal foi Manuel Martins dos Reis, capitão gatuno e paranóico, vindo da Fortaleza de Angra do Heroísmo. Este director “entretinha-se” a roubar as coisas que os familiares dos presos, com sacrifício, mandavam, desculpando-se que tudo aquilo era enviado pelo Socorro da Marinha Internacional. Chegou mesmo a montar uma pseudo cantina onde vendia as coisas roubadas.Mal desembarcámos começámos imediatamente a trabalhar. Transportávamos pedras, sob vigilância constante dos guardas.Em Cabo Verde, região de clima variável, calhou chover bastante nesses anos. A lona das barracas apodreceu de tal maneira que lá dentro chovia como na rua e de manhã acordávamos com a cara negra da poeira que se pegava à humidade que sobre nós caía.As águas acumuladas formavam pântanos onde se desenvolviam mosquitos transmissores do paludismo. A saúde de todos nós, presos, arruinava-se.Caíamos atacados da doença chamada biliose. Sem fornecimento de medicamentos e com um médico que era um patife da pior espécie, em poucos dias morreram sete camaradas. Em cerca de uma média de 200 presos era vulgar, em certas alturas, apenas dez andarem a pé.»
«Os escândalos da actuação do primeiro director levaram à demissão deste. Foi substituído por João da Silva, acompanhado pelo fascista Seixas.Estávamos em 1938/39. A guerra civil espanhola terminava com a vitória do fascismo. O ditador português Salazar tinha contribuído, apoiando com o envio de géneros alimentícios e de homens, os quais ficaram conhecidos pelos Viriatos. Hitler tinha subido ao poder em 1933. Na Itália existia Mussolini. A situação no campo do Tarrafal, reflexo da situação política internacional caracterizada pela ascensão do fascismo, agrava-se terrivelmente.João da Silva dizia frequentemente: “Quem está aqui é para morrer!”Com este director começou a funcionar sistematicamente a célebre tortura conhecida por “frigideira”. Todos os dias eram para lá atirados presos e eu também por lá passei algumas vezes.»
Há quem não preste, e quem não preste para nada...

É por estas e por outras que os benfiquistas têm grande relutância - para usar uma escrita políticamente correcta - em ter uma ponta de simpatia pelo Sporting. É claro que falo por mim, já que conheço muito lampião que é capaz de carpir as mágoas dos lagartos. A mim não me convencem. São com o o Sócrates, nunca me enganaram...
Vem isto a propósito do triste resultado do SCP, 1 - FCP, 2 de ontem em Alvaláxia. De facto a primeira parate bem parecia um jogo de outro planeta de tão tal estava a ser jogado. Mas isso é o menos: quando, os sportinguistas, tiveram hipótese de servir para alguma coisa ao Glorioso (ou seja, ganhar ao FCP e entreabrir as portas do primeiro lugar ao Benfica...) o que é que fizeram? nada! Melhor: menos de nada. Já não tenho dúvidas há quem não preste, mas o slb não presta para nada...

domingo, outubro 05, 2008


Coisas estranhas na blogosfera avisense, ou «o post fantasma».


Quem aceder ao regressado justiça seja feita2 depara-se com um novo visual, e até outras funcionalidades como, por exemplo os «alertas» para os posts editados em alguns blogs cá do burgo.
Estranho é que um desses «alertas» a dar notícia de um assalto de que o Saloon teria sido alvo, apesar de servir de atalho para o blog em causa - Tudo e mais alguma coisa em... Avis - não leva à notícia lá revelada.
Das duas uma: ou o autor do «Tudo e mais» apagou o post respectivo ou, o autor do «justiça» consegue fazer links para posts fantasmas...

Que é estranho, lá isso é.

sábado, outubro 04, 2008




Dinis Machado faleceu (ou terá sido Dennis McShade?...)


Sempre gostei de comprar livros nas barraquinhas de segunda mão. O vício deve-se-me ter pegado na «Galileu», em Cascais, mesmo ali ao lado do Santini, onde, na rua, no alpendre me frente à montra da livraria, estavam sempre em exposição várias centenas de títulos a preços de saldo.
Comprei aí grandes preciosidades por tuta e meia. Muitos policiais ao peso e clássicos da literatura a bom preço e que ficam bem em qualquer biblioteca. Confesso que muitos deles acabaram nas estantes sem serem lidos, mas toda a gente sabe que há no mundo mais livros do que horas para os ler... alguns têm infelizmente que ficar para trás.


***


Vem isto a propósito da morte de Dinis Machado, autor consagrado de «O Que Diz Molero», jornalista da geração boémia do Bairro Alto, fumador compulsivo de cigarrilhas, bebedor de quase tudo, apreciador do que há de bom na vida, sejam copos, conversas, filmes, banda desenha ou mulheres. Lindas de preferência.


***


Nos anos 80 - trabalhava eu na Avenida da Liberdade nos semanários JL e O Jornal - o Parque Mayer, apesar de mal ainda funcionava. Ao almoço os dois ou três restaurantes ainda serviam refeições e os comensais das redondezas aproveitavam os dias de bom tempo para almoçarem ao ar livre. O nosso grupo tinha mesa «marcada» no Pierot, mesmo junto à barraquinha de livros em segunda mão que por lá existia.
Era certo e sabido que a refeição não acabava com o café e o digestivo, só era dada por terminada depois de mais uma mirada às «novidades» do quiosque - algumas delas com mais 50 anos...
Do grupo fazia parte à vez o José Carlos Vasconcelos, o José Jorge Letria, o Viriato Teles, o Miguel Eduardo Serrano, o Rogério Rodrigues, só para citar alguns...
Numa dessas visitas saltou-me à vista a 1ª edição de «A Mão Direita do Diabao», de Janeiro de 1967, da coleção Rififi, da editorial Ibis, assinada, em estrangeiro por Dennis McShade - Nada mais, nada menos que Dinis Machado.

De regresso à redaccão, dei-me ao trabalho de folhear o livro e a surpresa aparareceu na quinta página: «Ao Sr. Jaime - que possibilitou o contacto de Maynard com o homem da rua - a gratidão do Dennis MacShade».
Ainda estou para saber o que levou este Sr. Jaime a desfazer-se de um objecto que, já na altura seria, certamente, um livro muito procurado e ainda por cima com dedicatória. Eu que o comprei por 5 escudos (2 cêntimos e meio) por nada deste mundo me desfazia dele.

domingo, setembro 28, 2008

sábado, setembro 27, 2008

Benfica-Sporting – ficção ou talvez não...

Existe uma terra, no Alentejo que tempos não muito distantes, os adeptos destas duas equipa se juntavam no Café Central nos dias dos grandes jogos. Quer dizer: juntavam-se todos os dias, mas, nos dias dos «grandes jogos» - e entenda-se «grandes jogos» como «benficas-sportings» - a verbe estava mais aguçada. Era de esperar uma picadela daqui, uma boca mais atrevida dali... enfim, situações próprias de um dia clássico.
Os tempos passaram e os «lampiões» – como no país, maioritários na vila – resolveram fundar uma casa do SLB na terra. Os «lagartos» mais empedernidos juraram a pés juntos nunca os pôr em tal sítio. Conheço alguns que até hoje cumprem a promessa: por exemplo o pintor. Mas, outros há que até se fizeram sócios do ninho da águia (o bancário, o coifeur, o segurador...) sem nunca renegarem à sua condição clubística.
Razões de mercado (expressão em voga que quer dizer uma data de coisas que normalmente não são boas...) levou ao aparecimento de um novo café (A miragem) onde, pouco e pouco, os sportinguistas órfãos de sítio, se foram acoitando. Sportinguistas e não só: existe uma «raça» que tende a passar, rapidamente, do azul para o verde e que se chamam – a eles mesmo - «belenenses».
A ironia disto tudo é que o proprietário é benfiquista ainda antes de ter nascido. E tem coração mole e, pelos vistos, a carteira vazia. Já não é a primeira vez que perante dois jogos ao mesmo tempo em canais diferentes, opta por pôr os «lagartos» na tv a dar chutos na bola, e os acontecimentos artísticos – que são sempre os jogos do benfica – ficam escondidos atrás da pantalha, para desespero dos, ainda assim, muitos clientes benfiquistas. É claro que hoje esse problema não se põe, já que as duas equipas se confrontam, mas não deixa de ser um problema.
Como é que o taberneiro «garrafinhas» vai saber, a cada momento, qual a correlação de forças presente no seu estabelecimento e optar por um, ou por outro desafio?
FÁCIL ! Basta instalar à porta um «verdómetro». Cada vez que der entrada um «lagarto» a maquineta apita e ele aponta, quando sai apita outra vez e desconta. Quando começar o jogo, basta conta os pés existentes no estabelecimento, dividir por dois e descontar o número apontado. Se o resto for maior, vê-se o «glorioso». Nunca falha, até porque os adeptos dos outros clubes, não têm direito a voto...



E agora o quê?!...

Este agora, entre o evasivo e a ameaça, deixa espaço à imaginação. Aceitam-se apostas e eu faço já as primeiras:

agora... quero que se lixem que eu vou ver o benfica-sporting
agora... vou chamar o correio da manhã e a tvi e fazer um «ganda« escândalo
agora... vou dar uma entrevista à «A PONTE» onde vou contar tudo de fio a pavio
agora... vou para carcavelos, que era de onde nunca devia ter saído
agora... vou «pôr-lhes um processo em cima» como fazia o Herman José
agora...

quinta-feira, setembro 25, 2008

Quem conta um conto...

Mar Seara

De nada lhe serve a boina com o sol a marrar de frente. Entre o monte e a povoação não há chaparro que lhe possa valer. Tudo descampado. Apesar da hora o magano já queima, mas tem mesmo de ser. A camioneta não espera por ninguém, e Zé Galhofa não quer perder esta viagem por nada deste mundo.
Foram anos e mais anos a sonhar com o assunto. Sozinho no campo, à volta com a bicheza, mal tinha tempo para, uma vez por mês, ir à vila ver do avio, quanto mais folgazar um dia inteiro numa passeata. Agora era diferente. Reformado, viúvo, com os filhos desmamados, podia-se dar ao luxo de aproveitar as viagens organizadas pelo presidente da Junta para os velhotes espairecerem.
É certo que a pequena courela e a meia dúzia de galinhas, coelhos e o bácoro para sustento próprio ainda lhe davam luta, até porque a reforma, apesar de bem vinda, ia-se toda no «raio dos medicamentos». No entanto, quando voltasse «lá pela tardinha» ainda viria muito a tempo de lhes dar a ração e regar os nabiços...
Desde gaiato que sonhava com o dia em que veria o mar com «aqueles que a terra há-de comer». Quando foi às sortes ainda esteve tentado a oferecer-se para a Marinha, mas o pai cortou-lhe as pernas: «Nem Marinha, nem farinha. Não penses nisso que fazes por cá muita falta. A mim e ao patrão»... - decretou. Depois de, em criança, ter sido seu ajuda na guarda dos porcos, passaram a dividir todo o trabalho no monte. Tornava-se o serviço mais leve e era mais algum a entrar em casa.
A tropa tinha-a feito em Estremoz, a poucos quilómetros do monte onde nasceu, e daí não arredou pé até passar à peluda, continuando, assim, por realizar esse seu grande desejo, ver o mar.
Nem sabia de onde lhe tinha nascido aquela ideia. Da família não era de certeza. Tudo gente do campo, de água só conheciam os ribeiros e as nascentes das redondezas. Na escola também não fora, pois era sítio de onde nunca tinha saído... Para muita pena sua que «saber fazer o nome» ter-lhe-ia dado jeito em várias ocasiões. Mas «mais vale tarde do que nunca» e, hoje, chegara o dia. O grande dia.
Chegado ao largo, aprochegou-se da carreira. Como ainda faltavam alguns minutos para a partida, resolveu puxar da bucha e comer o almocito. Hábito antigo de horários campestres. Na vila, a esta hora da manhã, havia muita gente que nem o mata-bicho ainda tinha batido. Navalha numa mão, pão e queijo na outra. A pequenos golpes, certeiros, ia lascando o petisco. Só lhe faltava a bebida. «Logo mais bebo», pensou. Daria um salto à tasca do Garrafão e aproveitaria para se precaver para a jornada «mudando a água às azeitonas».
A rapaziada da sua idade foi arribando. Homens para um lado, mulheres para outro. As conversas eram as de sempre, próprias destas idades: «O Tóino Catrapuz lá se foi, coitado»... «É verdade, coitado. E eu também não ando lá muito bem. As cruzes não me deixam em paz. Só à força de drogas é que cá me vou arranjando»...
A viagem prometia ser curta. «Menos que um fósforo», tinham-lhe dito. Daí a nada estaria a mirar o mar. Pela janela do autocarro olhou a planície ondulante, com o vento a inventar carneirinhos nas searas. A viagem tinha começado.
A camioneta cheirava a nova, com belos bancos estofados a veludo e, vejam lá, televisão a cores. A cores! O seu velho aparelho, a preto e branco, de vez em quando, passava imagens dos grandes mares deixando-o «a modos que assarapantado»... Era como que um gosto e irritação. Tudo ao mesmo tempo. Um país com tanta costa e ele, a meia dúzia de quilómetros, sem nunca ter visto o mar.
Já não faltava tudo. A Aldeia Nova já tinha ficado para trás, e estavam agora a entrar na auto-estrada. Uma hora, mais coisa, menos coisa, estaria ao pé do Oceano.
Chico Zangado, seu companheiro de jornada, não percebia a ansiedade do Galhofa: «Ó homem, olha que água é água em todo o lado»... Pudera, tinha ido ainda novo para a Outra Banda e mar, por lá, era coisa que não faltava...
Estavam a chegar. «Por favor, não se afastem uns dos outros. O almoço é ao meio-dia no sítio que lhes vou indicar», ouviu-se nas colunas da camioneta...
Foi dos primeiros a sair. Mal esperou que a doutora fizesse as últimas recomendações. Virou as costas ao sol e encaminhou-se para poente. Rumo ao mar.
Ao virar da esquina, uma enorme maré cheia espraiou-se-lhe olhos dentro. Grandiosa. Imponente. Azul, ouro e prata.«Ó compadre, é bonito, não é ?! Tão bonito que até parece uma seara...»

sexta-feira, setembro 19, 2008

Discos pedidos (1)

Tem toda a razão o Do Castelo. Mas é por manifesta falta de tempo que não tenho vindo ao(s) blog(s). E como os desejos dos amigos para mim são ordens, aqui fica uma canção francesa da qual provavelmente, e sem desculpa, me iria esquecer. Jacques Brel (peço desculpa pelas legendas em inglês...)

domingo, agosto 31, 2008


Nossa Senhora Mãe dos Homens

Cumpriu-se, no dia certo, mais uma vez a tradição: um grupo de peregrinos deixou Avis cerca das seis da manhã, com destino à capela de Nossa Senhora Mãe dos Homens, onde chegou cerca de três horas depois.
A missa e a procissão completaram o programa litúrgico que, desde há muito, já é bem mais do que apenas isso.
Confesso (a «confissão» revela um resquício da minha formação cristã...) que esta, foi apenas a terceira vez que participei no evento - mais propriamente na segunda parte dele -, mas já deu para entender que este acontecimento, como muitos outros por esse Portugal fora, mais do que manifestações da fé cristã, são oportunidades, cada vez mais raras, de pessoas que fazem parte da mesma comunidade falarem entre si. E ainda bem...
No campo, com a capela à vista e o Maranhão a refrescar as ideias, os petiscos vão saltando de dentro das arcas e as mesas e cadeiras vão procurando as sombras. Depois do repasto, há quem estenda as mantas e durma a sesta prometida, e quem fique à conversa com os parceiros de jornada, e outros (como eu) que após se terem «saciado» com um fabuloso rolo de carne tenham abandonado, contrafeitos, o local...Mas, pelas 18:30, Nossa Senhora voltou a casa e, com ela, trouxe quem a levou, por um dia, à sua Capela. Os carros tocaram como se um casamento fosse e, por isso, vim à rua ver passar o cortejo.

domingo, agosto 24, 2008






















O Elias nos Jogos de Pequim












Durante os jogos foram algumas as ocasiões em que o Elias se meteu com os Jogos - ou melhor dizendo com as peripécias das olimpíadas.

Aqui ficam (do primeiro publicado para o mais recente) os bonecos que foram saindo no JN.

quarta-feira, agosto 20, 2008

músicas da minha vida (e não só)

Isto que vos proponho ouvir, sendo da autoria de um «cantautor», não é uma música no sentido clássico, mas as suas palavras são música para os meus ouvidos. Para os mais novos, a sigla FMI pouco quererá dizer, mas, para os «quarentões» como eu, infelizmente, dizem muito. José Mário Branco: não podia faltar!

domingo, agosto 17, 2008

Vindo de férias...

confesso que já estava com saudades das pequenas/grandes questões locais... regressado de poucos dias à beira-mar, depois de pôr em dia os e-mails (propositademente) em atraso, o computadar levou-me aos blogs da «família»: o poolman e o do castelo!

folguei em saber que o primeiro tinha andado por sintra - coisa que para alguém que é de cascais é o mesmo que, para alguém que seja de avis ouvir dizer bem de fronteira... aliás, e para que conste, sintra é aquela terra que mesmo no pico do verão, parece que faltam sempre cinco minutos para chover. acho que não preciso dizer mais nada a esse tal de poolman...

Mas o meu amigo do castelo fala de coisas bem mais interessantes. A saber: o padre da freguesia, ficou chateado com o estendal que o RAPID fez em frente à porta da igreja do convento. vejam lá! um templo que a nossa santa igreja tão acarinha; que é um exemplo de boa conservação; que todos os dias santos está aberto à celebração; que ao longo dos tempos foi protegida de forma a não danificarem ou roubarem o seu património; que, enfim, é algo que ele, por ser o responsável do edifício (pelos vistos dono da chave...) utiliza amiúde para reunir o seu rebanho, não suporta ver incomodado por aquilo que para mim, é uma manifestação de criatividade e liberdade de alguns jovens - e também menos jovens - de avis.

é por essas e por outras, no que a mim me diz respeito, e apesar de ter sido educado na fé cristã
há muito me impede de meter os pés numa igreja, a não ser para a visitar...

apetecia-me ser mais cáustico, mas acho que não vale a pena. pensando melhor: fica para a próxima.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Músicas da minha vida (6)

E já se faz tarde para falar do Zeca. Nem é preciso justificar a escolha. Seria apenas mais uns redondos vovábulos...

domingo, julho 20, 2008

Músicas da minha vida (5)

Vi o Chico pela primeira vez ao vivo na Festa do Avante. Já não me lembro onde, se no Alto da Ajuda, se em Loures, não sei... Antes disso já fazia parte do «meu reportório» com «eu estava à toa na vida / o meu amor me chamou / para ver a banda passar /cantando coisas de amor»... Na altura, ainda não tinha pedalada para me aventurar a tocar coisas mais complicadas como, por exemplo, «Meus Caros Amigos». Mas este tema antigo que descobri no Youtube tem a vantagem de também prestar uma justa homenagem aos MPB4 que também participaram nesse meu primeiro concerto brasileiro, onde acturaram ainda Edu Lobo e, a então «desconhecida», Simone... Oiçam e divirtam-se!

quarta-feira, julho 16, 2008

Músicas da minha vida (4)

E os «dinossauros» do rock que, infelizmente, vieram a Portugal quando já não eram vivos também tem lugar nos meus «dez+». Satisfação...
Músicas da minha vida (3)

Os Beatles são uma referência incontornável para a gente da minha geração. A dificuldade está na escolha. Seleccionei esta pelo facto de ser - como está anunciado - um filme raro, mas podia ser uma outra qualquer...

terça-feira, julho 15, 2008

Músicas da minha vida (2)

Os «Shadows» são (infelizmente para os que de vez em quando me têm de gramar...) o conjunto em que eu me «inspirei» para «aprender» a tocar guitarra. Era a banda que, para além de uma carreira a solo, ficou conhecida por acompanhar o Clif Richard, presença assídua nos festivais da Eurovisão, local onde os ditos cujos «sombras» também actuaram em representação da Grã-bretanha.

Tocaram em Portugal por várias vezes durante os anos 60, e Apache e Dance On são dois dos seus temas mais conhecidos. O que talvez muita gente não saiba é que numa das suas visitas a solo luso, atravessaram o Tejo e compuseram e gravaram um tema intitulado Alentejo, aqui tocado por uma banda de tributo.
Músicas da minha vida (1)

A TSF, o RCP e a Antena 1 (com grande originalidade) têm uma rúbrica em que perguntam a várias «personalidades» quais são as canções das suas vidas. Eu sei que ninguém me perguntou nada, mas, assim como assim, nos próximos dias vou postar aqui algumas das canções da minha vida.

E começo por uma canção do Fausto que fazia parte do primeiro LP (long Play) que comprei:

Ó Partor que choras

quarta-feira, julho 09, 2008

Sinais

Há que olhar para os sinais.

Cavaco não viu o buzinão, e foi o que se viu...

Sócrates não viu os 100 mil professores, os 200 mil «comunistas», as «esperas» que lhe fazem todos os dias, e é o que se vai ver...

Logo, é importante olhar para os sinais.

*

Por exemplo: se um sinal é destruído, é preciso perceber porquê e por quem. Se foi um mero acto de vandalismo, não há outro caminho que não seja punir o «destruidor»; mas se essa atitude, revela uma insatisfação generalizada, há que, humildemente, reconhecer que não bastam uns cartazes a anunciar mudanças para que as pessoas se convençam da boa vontade das alterações.

Pessoalmente, percebo e concordo com a generalidade das alterações de trânsito dentro do Centro Histórico (o sinal proibido que impede a quem venha da Câmara o acesso até ao largo da Igreja não faz, na minha opinião, sentido...), mas, não basta apregoar uma «gestão participada».

Seria de bom tom que a vereação – mais do que os técnicos – explicassem aos moradores e utilizadores do Centro Histórico o motivo pelo qual se fizeram tais modificações.

É certo que, há tempos atrás, o plano de pormenor do Centro Histórico foi apresentado a «toda a população» no cine-teatro, mas, nestas situações não há nada como o porta-a-porta tão visto nas campanhas eleitorais...

segunda-feira, junho 30, 2008

sexta-feira, junho 20, 2008

Ricardo, 3 - Portugal, 2

... e o burro sou eu!
Abertas as inscrições para o ano lectivo 2008/09
Na Escola Profissional Abreu Callado

Clica aqui para ver o filme



A Escola Profissional Abreu Callado, de Benavila, concelho de Avis, informa que estão abertas as matrículas para o ano lectivo de 2008/09, dos cursos de Técnico de Informática de Gestão, Técnico de Turismo Ambiental e Rural e Animador Sociocultural.

Estes cursos profissionais de Nível III, destinam-se a jovens que tenham completado o 9º ano e conferem, ao fim de três anos, uma certificação profissional na área respectiva, equivalência ao 12º ano e a possibilidade de continuar a estudar no Ensino Superiror.

Quem estiver interessado em obter mais informações acerca dos cursos ou da escola pode consultar o site www.abreucallado.com.pt ou contactar o Gabinete Escolar de Apoio Profissional pelo número grátis 800 207 949.

quinta-feira, junho 19, 2008

montedomel.blogspot.com

zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz

seba bem vindo quem vier por bem.

segunda-feira, junho 16, 2008

O Europeu

Eu sei que não é «politicamente correcto», mas o que é que querem... Esta semana tive duas grandes alegrias: a primeira foi o anúncio da contratação do Scolari pelo Chelsea; a segunda foi o resultado do Suiça/Portugal. Passo a explicar: os poucos leitores deste blog, certamente se lembrarão de algumas diatribes escritas aqui contra o «eu é que sou burro»! Pronto, estão mais que justificadas as minhas palavras. Só existem dois tipos de homens, os que não prestam e os que não prestam para nada. Scolari pertence sem dúvida à segunda categoria. Alguém que ganha 250 mil euros por mês pode-se dar ao luxo de recusar uma proposta de 750 mil. O mesmo não direi de um pobre trabalhador que ganhando 500 se despede para ir ganhar 1500, mas dispenso-me de explicar as razões - até para não chatear os leitores.
Quanto ao resultado, é a minha costela de Hooligan a falar mais alto: que eu me lembre, na última década, sempre que a selecção entrou em campo sem um jogador do Benfica, nunca saiu vitoriosa. Aconteceu, ontem, dia 15 de Junho, e manteve-se a tradição. É para aprenderem...

sábado, junho 07, 2008

Até os comemos...

Faltam poucas horas para começar o Europeu. Mesmo aqueles que nas últimas semanas não deixaram de pensar em coisas bem mais importantes do que o «chuto na bola», hoje, às 19:45 irão estar de nariz colado à televisão. É o meu caso.
Espero que Portugal ganhe e, se possível, traga o «caneco» para casa. As várias gerações de bons futebolistas nacionais merecem uma grande vitória. É que, caso a consigam, o mérito não será apenas destes 23 jogadores, mas também de outros - de Eusébio a Figo, passando por Humberto Coelho e Carlos Manuel, Fernando Gomes e Rui Costa, só para citar alguns - que nunca tendo vencido uma grande prova internacional foram o início de tudo e inspiraram estes que lá estão agora.
Mas espero que findo o Europeu, seja qual for o resultado, olhemos para o país com olhos de ver e hajamos em conformidade. Há que pôr ordem nisto e o Governo cada vez demonstra menos capacidade para o conseguir. Depois do campeonato, é tempo de dizer: até os comemos...

domingo, junho 01, 2008

Artur Teles Grilo

Não éramos íntimos, mas sentíamos por ele uma simpatia que ultrapassava o facto de ser pai, sogro e avô de amigos nossos. Ao longo do ano víamo-lo amiúde em festas, aniversários, à porta do José Joaquim à procura de qualquer coisa para bricolar ou, no Verão, nas várias as vezes que nos acolheu no seu «quintalão». Generoso, bem-disposto, sempre de bem com a vida e com os outros, partiu ontem, sabe-se lá para onde... E como cada um de nós é um pouco dos que connosco se cruzam nesta vida, um pouco de nós partiu também. Para a Rita, Quim, Ana, Isabel, Artur, Miguel e João, aquele abraço.
Grande texto do Fernando Marques no JN
Os Avisenses

Na passada 5ª feira, pelas 21:30, realizou-se a Assembleia Geral d' «A Bola». Apenas 15 sócios estiveram presentes, e os corpos sociais foram - pode-se dizer - «reconduzidos» com um voto em branco e um nulo.

As coisas não estão famosas. Apesar de no último ano o clube ter mantido em actividade o Voleibol e o Futsal (só com atletas da terra e sem qualquer remuneração), assim como atletismo e pesca, há quem tenha saudades do futebol e não perceba porque é que ele não existe.

Eu que sou novo por cá, de uma coisa sei: o clube está assim por causa do que aconteceu no futebol!

As ajudas camarárias «prometidas» para a nova época são quase à conta para pagar as despesas fixas. Ou seja, neste momento, até o voleibol e o futsal estão seriamente comprometidos por falta de verbas para incrições e seguros obrigatórios.

A culpa, em primeira análise, é dos sócios que há muito se divorciaram do clube, mas uma marca com mais de 60 anos, que faz parte da memória colectiva da vila e do concelho, deveria suscitar mais interesse (para não utilizar outra palavra...) de quem está à frente dos destinos desta comunidade.

Se o Clube Futebol «Os Avisenses» fechasse as portas, não seria caso único no panorama associativo nacional, mas seria, certamente, muito lamentável...
O banqueiro e o anarquista

Não confundir com «O Banqueiro Anarquista» de Fernando Pessoa... O ex-banqueiro Paulo Teixeira Pinto escreveu, na edição de ontem da revista NS - distribuida com o DN e JN - «onde se escreveu "Morreu Torcato Sepúlveda" deveria antes ter-se dito que "nós perdemos Torcato Sepúlveda". Mas não a obra - e não só a escrita - que nos legou. Também enquanto responsável nesta publicação.»

Esteja lá onde estiver, o Torcato, deve estar a rir-se a bandeiras despregadas...

domingo, maio 25, 2008

Vejam bem...

Que não há
Só gaivotas
Em terra
Quando um homem
Se põe
A pensar

Quem lá vem
Dorme à noite
Ao relento
Na areia
Dorme à noite
Ao relento
Do mar

E se houver
Uma praça
De gente
Madura
E uma estátua
De febre
A arder

Anda alguém
Pela noite
À procura
E não há
Quem lhe queira
Valer

Vejam bem
Daquele homem
A fraca
Figura
Desbravando
Os caminhos
Do pão

E se houver
Uma praça
De gente
Madura
Ninguém vai
Levantá-lo
Do chão
Meia-tigela

O Santana Lopes acha que o Sócrates é um «socialista de meia-tigela»!
Cá para mim está a exagerar! A coisa bem medida não chegar para um quarto...

quinta-feira, maio 22, 2008


Tem aqui um quarto com o nome dele – o quarto do Torcato -, mas não vai voltar a usá-lo; Deixa amigos – vários – a quem ofereceu livros, fez entrevistas, conversou e desconversou; Já era um pouco de cá. Sentia-se bem aqui. Gostava dos cozinhados da Nazaré e das favas guisadas do sr. João; As minis com o Carmo e o Paulo sabiam-lhe bem; As sestas, preparavam-no para as noitadas no quintal: «Gosto dos teus amigos, pá», dizia-me. Falava de agricultura e toiros com o Quim, de política com o João e o Zé, de literatura com a Anabela e a Teresa; de tudo com todos: com as Ritas, o Zé Luís e a Luísa, com os João, com o Víctor, a Mimi, a Ilda... Ao telefone perguntava por eles e não se cansava de contar a rir como o Chino o tinha tentado convencer a aceitar um pato vivo. Partilhámos aventuras, alegrias e desilusões. Partiu ontem não sei para onde. Se soubesse havia de lá ir buscá-lo!

Morreu o "Desvairadão", ínclito bracarense, anarco-surreal-situacionista, de cuja prosa elegante e truculenta todos beneficiamos. Companheiro de todas as fronteiras, aristocrata das ideias, o Torcato vai fazer muita falta. Sejamos sérios, anda por aí muita canalha que vai desatar a insinuar que ele foi um grande jornalista... mas... tinha o defeito de odiar certos reflexos do poder económico no texto jornalístico de alguma fauna de futuros administradores. Com Torcato vai-se a prosa mais cáustica e terna da nossa depauperada imprensa cultural. Sossega camarada, vamos vingar-te!
Barcaro, in site do PÙBLICO

quarta-feira, maio 14, 2008


Como é possível...


...não saber que a Escola Mestre de Avis tem um blog?!!! E, ainda por cima actualizado, coisa qe começa a ser raro aqui por estes sítios.

segunda-feira, maio 12, 2008

Feira Medieval

É certo que o tempo não ajudou, mas a nova versão da Feira Medieval estava muito catita. Percebe-se a tentativa de espraiar os feirantes pelo Centro Histórico e - apesar de à partida achar uma boa ideia - o facto de ter estado menos gente do que seria expectável, não me deixa ter uma opinião definitiva sobre a questão.
Fica, no entanto, a confirmação sobre a valia dos «artistas» e das suas performances. E o mesmo vale para os alunos da Mestre de Avis que se portaram à altura com a apresentação do Auto da Feira. Há ali matéria prima que muito promete em termos teatrais. Actores e encenadores (leia-se professores) os meus parabéns.
Para o ano há (deve haver, digo eu...) mais. Até lá vejam as fotos no poolman...

quarta-feira, maio 07, 2008

VI Jogos Florais de Avis

É já no próximo dia 17 de Maio que terá lugar no Auditório Municipal a sessão de encerramento e a entrega de prémios dos VI Jogos Florais de Avis, organizados pelos Amigos do Concelho de Aviz - Associação Cultutral.
Aqui o escriba, este ano, aventurou-se a concorrer na categoria de conto e acabou por -sabe-se lá como?... - ser distinguido com uma Menção Honrosa.
Para memória futura, aqui fica a «obra» que enviei a concurso:

Pouca terra, pouca sorte

O ambiente estava tenso. O fumo dos cigarros não deixava ver dois palmos à frente do nariz. As faces fechadas em volta da mesa compunham a fotografia. Ao fundo ecoava um ruído que fazia lembrar um disco a rodar em morte lenta. De repente, uma voz: «rien va plus!». A esfera raspou a roleta. Segundos depois, a sentença: «Vermelho, 12».

* * *

As sopas deixavam-se comer. Joaquim e Margarida, sentados, faziam-lhes a vontade. No móvel, a televisão temperava a refeição. Era o único som na cozinha. «Vamos agora proceder à extracção dos números do Totoloto», anunciou a rapariga. Joaquim mirou o aparelho de soslaio: «Ó Guida, muda aí o canal».

* * *

Três fichas. Apenas três fichas. Era agora ou nunca. Puxou uma passa do cigarro e colocou-as no 33. Negro. Saiu vermelho. Passava das três. Noite escura como breu. Mãos na gabardine, passo estugado, desceu o jardim rumo à estação do comboio. Sacou dos trocos e comprou o bilhete na máquina. Em frente, o mar.

* * *

«Raio de tempo este», exclamou para ninguém. Ao lado, a mulher, nada disse. «Farta-se um homem de trabalhar, e é isto»... continuou ele. «Quando faz falta, não aparece, e quando não é precisa, lá vem ela... Pouca sorte a minha», protestou.

* * *

Apesar de Inverno, a noite estava amena. Atravessou a linha à descoberta da praia. Maré baixa. Puxou de um cigarro. Era o último. «Talvez seja um sinal»... pensou.

* * *

Há muito que tinha deixado de fumar, mas agora apetecia-lhe um. As trovoadas tinham-lhe dado cabo da azeitona. Pouca tinha sobrado. Um ano inteiro a tratar das oliveiras, e nada. Ou quase nada. Comparado com isso que mal lhe faria um cigarro? «Raios partam esta vida e quem a inventou». «Ó homem, tem calma. Não é a primeira, nem há-de ser a última vez que há trovoadas. Já nos aconteceu o mesmo e ainda aqui andamos»...

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Mal via a água. Ouvia-a. «Pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra». Era o comboio. «Deixá-lo ir... apanho o próximo. Aliás, tenho mesmo de embarcar noutro comboio»...

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Na soleira do monte, boina puxada para a nuca, esticou-se para o céu. Lá estavam as estrelas. «Maganas. Se não fossem vocês»... O rafeiro veio ter com ele. Fez-lhe uma festa: «Então, companheiro... Vamos descansar. Amanhã é outro dia».