terça-feira, janeiro 20, 2004

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Então não é que falhei a minha primeira manifestação... e logo na minha terra. Ironia das ironias, sendo o protesto por questões de saúde, não pude estar presente porque tive de ir ao médico. De alguma forma isto já é revelador da justeza das reivindicações. O que eu não percebo é porque é que só se fez agora a manifestação. Oportunidades para protestar, nos últimos tempos, foram mais que muitas: primeiro não abriram concurso para médicos; depois passaram a fechar às 22 horas (duas horas a menos); por fim tiraram mais uma hora de atendimento... São de facto motivos de sobra para mostrarmos a nossa indignação. Não compreendo é o meu pai quando diz que a manifestação não devia ter sido em frente ao Centro de Saúde de Avis, quando, lá dentro, não estava ninguém do Governo. Eu sei que ele é um bocado radical, mas o que ele achava mesmo bem, era qualquer coisa de mais directo como um corte de estradas ou uma deslocação nos autocarros da Câmara até ao Ministério da Saúde. E esta até me pareceu a melhor, porque sempre se aproveitava a viagem para fazer umas compras no El Corte Inglés. E depois, a favor da sua tese, acrescenta – e essa é que eu não compreendo de todo – que «é como, para se protestar por causa de uma tromba de água, se fizesse uma manifestação em frente à Companhia das Águas, em vez de se ir protestar com o S. Pedro para a Igreja...» Manel

sexta-feira, janeiro 16, 2004

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A última Primavera, por Avis, deve ter sido mesmo boa... Não é que nasceu mais uma rapariga aqui para a terra. É verdade, a Catarina apresentou-se no passado dia 8 lá para os lados de Coimbra. O Miguel disse ao meu pai que está tudo a correr bem e que ela até o deixa dormir. Pronto, daqui a uns anos tenho que ver do assunto. Preciso é ter cuidado com o Diogo não vá ele dar-me uns carolos...

quinta-feira, janeiro 15, 2004

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Pronto! já tenho, alguém da minha idade com quem jogar à bola, ténis, ir aos pássaros, à pesca e fazer outras malfeitorias: Henrique. Fixem este nome. Nasceu ontem e é, até ver, o puto mais novo de Avis. Até fui convidado para uma festa onde se ia assinalar o acontecimento, mas o meu pai «desmaiou» no sofá enquanto eu me estava a alimentar e não houve maneira de o arrancar de lá... Não percebo é o que ele quer dizer com isso de o Zé Luís e a Luisa não saberem no que é que se estão a meter. É que quem tido razões de queixa sou eu. Até agora ainda não os vi chorar e eu de vez em quando abro a goela. Se estou com sono, dão-me de mamar, se quero comer, fazem-me massagens, se tenho cólicas, poem-me a dormir... até parece que não me entendem. Já se consegue tanta coisa – ir à Lua, mandar naves a Marte – mas ninguém se lembra de ensinar aos pais a nossa linguagem.

terça-feira, janeiro 13, 2004

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Depois da sessão de pesos fui dormir para a Taberna da Muralha. Os meus pais estavam um bocadinho apreensivos com medo que eu abrisse a goela e reclamasse por paparoca. Mas eu não lhes liguei nenhuma e deixei-os comer descansados. Até porque já começo a ficar farto de estar sempre em casa e se fizesse muito barulho era certo e sabido que era para lá que me levavam. Eu sei que o tempo não tem ajudado – e ontem o nevoeiro até estava muito cerrado – mas eu também gosto de andar no laréu. Já fui ao Maranhão e gostei muito. O meu pai diz que aquele sítio lhe serve para matar saudades da baía da terra dele. A mim vai servindo para apanhar ar e aquecer um bocadinho com o Sol de Inverno quando se digna aparecer... Manel
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Lá fui mais uma vez ao Centro de Saúde pesar-me. A senhora enfermeira – muito simpática, por sinal – até perguntou quantos meses é que eu tinha. Ora como eu só faço um mês no dia 15, considerei a pergunta um elogio. É que como diz o meu pai, posso ser grande, mas por enquanto, «ainda não sou grande coisa». Apesar de estar a crescer acima daquilo que seria de esperar, peço às alminhas que a minha mãe não me ponha já a fazer dieta... Manel

sábado, janeiro 10, 2004

Porque hoje é sábado tive direito de soltura. O almoço foi em casa, como de costume e depois de uma sesta retemperadora, levaram-me até ao Clube Náutico. Estava tudo à espera que eu abrisse a garganta, mas eu fiquei-me caladinho e dormi que nem um justo. Até porque de manhã já tinha gritado quanto baste à conta de umas cólicas na tripa. E só porque ainda não sei falar é que não disse aos meus pais para me levarem ao médico. A coisa compôs-se. Lá me borrei todo mas também fiquei muito mais aliviado. Agora é que eu percebo porque é que há tanta gente a fazer merda: depois da dita devem ficar, como eu, muito mais aliviados.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

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Levaram-me outra vez à Muralha. Os meus pais são muito taralhocos, ainda não perceberam que não há lá nada que me interesse. A filha do António Manuel e da Ana ficou em casa no bem-bom e eu tive que aturar aquela barulheira toda. É claro que protestei. A minha mãe teve de ir comigo para o carro enquanto o meu pai acabava de beber o café e pagar a conta. Para a próxima espero que me levem ao Mc Donalds...

segunda-feira, janeiro 05, 2004

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As festas acabaram. Hoje lá fui ao Centro de Saúde pesar-me. Os meus pais foram chamados à atenção para o facto de terem chegado depois da hora. De facto, já eram 12h45m e os horários são para se cumprir... Continuo é queixar-me da tripa. O meu pai diz que também fica assim sempre que os lagartos ganham ao benfica, mas, no meu caso, não acho que seja disso. Manel

sexta-feira, janeiro 02, 2004

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Não sei a que raio de sítio vim eu ter que parece «o sempre em festa». Quando eu nasci, foi festa; a 24 de Dezembro festa; no dia a seguir festa outra vez; ainda não tinha passado uma semana e toma lá mais festa, e mais festa e mais festa... Mas afinal ninguém trabalha? Manel
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A passagem de ano foi de arromba. A mesa posta com todo o esmero tinha do bom e do melhor. A companhia era amiga e a a conversa interessante. À meia-noite gritaram que nem uns desalmados, saltaram e dançaram. Abri a pestana e confirmei que estavam felizes qb. Como estava tudo bem, voltei a a dormir. Manel